Após uma época desportiva intensa e, para alguns jogadores, prolongada até meados de julho, a preparação para a temporada 2025/26 já se iniciou.
Gabriel Silva, preparador físico com experiência em clubes como SC Braga, Boavista e Torreense, destaca a relevância fundamental do período de pré-temporada na preparação das equipas, tanto a nível coletivo quanto individual.
Segundo Gabriel Silva, as pré-épocas habitualmente duram entre cinco a sete semanas. Nas duas primeiras, o objetivo principal é a adaptação ao esforço inerente ao futebol e o desenvolvimento da capacidade de resistência. Este é um período de grande dinamismo nos plantéis, com a chegada e saída de atletas. Por essa razão, é crucial que, dentro do planeamento global, seja incluída uma preparação individualizada para atender às necessidades específicas de cada jogador, sempre que viável.
O preparador físico sublinha a importância de delinear uma estratégia de treino que se ajuste perfeitamente ao perfil do grupo de trabalho, de modo a prevenir a monotonia e o esgotamento psicológico durante as sessões de treino.
Silva reforça que é “essencial compreender o perfil do grupo e dos jogadores para definir a estratégia mais eficaz”. Alertou que, devido à exigência do calendário competitivo e a uma certa rigidez metodológica, os treinos podem tornar-se repetitivos e exaustivos, o que impactará negativamente tanto o desempenho quanto a incidência de lesões nos atletas.
Para que os jogadores possam evoluir e exibir o seu melhor nível de jogo, é necessário que sejam submetidos a estímulos ligeiramente acima do habitual, promovendo o fenómeno de `overreaching`. Este processo deve ser seguido por períodos de descanso adequados e subsequente adaptação. O preparador físico destacou dois erros comuns: `picos` de carga, ou seja, um aumento abrupto e excessivo do treino, e, por outro lado, uma carga insuficiente, que pode impedir o atleta de atingir o seu potencial máximo ao longo da temporada.
Gabriel Silva, que integrou a equipa técnica de Jorge Simão no Al-Fayha, na Arábia Saudita, observa que a abordagem à preparação física em Portugal difere da praticada noutras nações.
O técnico aponta que “somos fortemente influenciados pela Periodização Tática, uma metodologia de treino que transformou a compreensão do jogo e da preparação. Por exemplo, em Espanha, prefere-se o treino estruturado, enquanto na Alemanha, a escolha recai sobre a aprendizagem diferencial… Acredito que ainda há um percurso a fazer, pois possuímos profissionais altamente competentes na vertente tática e de jogo, mas que por vezes negligenciam a fisiologia, e o oposto também acontece”.
Com o início oficial da temporada iminente, marcado pela Supertaça entre Sporting e Benfica, o preparador físico adverte para o elevado risco de lesões nesta fase, particularmente para a equipa do Benfica, que usufruiu de um período de descanso mais curto.
Finalmente, Gabriel Silva salienta que “a genética desempenha um papel crucial, mas uma boa qualidade de sono, uma nutrição apropriada e um ambiente de treino exigente contribuem significativamente para a redução dos riscos de lesão”.
