Javier Tebas, presidente da La Liga, compara Manchester City à Enron e alega escândalo financeiro

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O presidente da La Liga, Javier Tebas, alegou que o Manchester City está envolvido num escândalo financeiro semelhante ao da Enron, afirmando que as perdas do campeão da Premier League estão a ser escondidas em diferentes empresas para melhorar as finanças do clube.

Tebas também revelou que a La Liga apresentou uma queixa formal à Comissão Europeia sobre o clube, alegando que o assunto está a ser investigado. Alegaram que o City recebeu subsídios estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos que lhe permitiram reforçar a sua posição, contratando jogadores e treinadores de topo que o ajudaram a afirmar-se como um dos clubes proeminentes da Europa, vencendo seis dos últimos sete títulos da Premier League.

Falando sobre o caso, Tebas declarou: “O caso do City é um em que acreditamos que eles colocaram as perdas nas empresas que não fazem oficialmente parte do CFG (City Football Group). Lembram-se do caso nos EUA, o caso Enron. Eles colocaram as perdas em diferentes empresas. Estes são casos semelhantes.”

A Enron colapsou em 2001 no meio de um escândalo contabilístico de milhares de milhões de libras – a maior reorganização por falência da história – que estava parcialmente relacionado com o uso de entidades de propósito específico para esconder dívidas e aumentar lucros.

Na cimeira `Business of Football` do Financial Times, Tebas referiu-se especificamente a “empresas de scouting e marketing” que “têm despesas muito altas”, acrescentando que “faturam ao City por menos dinheiro. O City tem custos inferiores do que teria se não tivesse este círculo de empresas à sua volta”.

Uma fonte próxima do Manchester City refutou veementemente as alegações de Tebas e insistiu que as contas do clube provam que não houve irregularidades.

A La Liga apresentou a queixa em julho de 2023 na sequência da implementação do Regulamento Europeu sobre subvenções estrangeiras que distorcem o mercado interno, que abrange fundos concedidos por entidades controladas pelo Estado que causam uma distorção grave ao mercado interno da União Europeia. As regras aplicam-se mesmo quando as entidades – tanto o Manchester City como os seus proprietários – se situam fora da UE.

Foram realizadas reuniões entre a La Liga e a UE, tendo Tebas afirmado acreditar que o caso está na fase de investigação.

Segundo Tebas: “O City tem muitas empresas no seu grupo que estão fora da estrutura do CFG, empresas extra onde colocam as suas despesas. Estas outras empresas perdem dinheiro, mas não o próprio clube.” Ele continuou: “Se tiverem estas despesas altas e as empresas perderem dinheiro, eventualmente o City perderá dinheiro, mas têm custos estruturais que estão a ser suportados pelas empresas à sua volta, que são usadas para evitar as regulamentações.”

O presidente da La Liga explicou a base da queixa: “Nós denunciámo-los à UE. Temos os factos e os números. O Reino Unido pode não fazer parte da UE, mas o City tem atividades comerciais na Europa e, em julho de 2023, a decisão da UE disse que podiam analisar empresas com ajuda estatal, quer estejam sediadas na UE ou não. Portanto, pedimos que o City fosse investigado. É muito importante que todos os clubes estejam sujeitos às mesmas regras de transparência e governação, tanto na vertente desportiva como financeira.”

Em termos de uma potencial sanção, Tebas acrescentou: “Normalmente, na Europa, a sanção concorrencial se receber ajuda estatal que distorce o mercado é ter de devolver a ajuda pública ao Estado, mais outras sanções.”

Concluindo sobre o estado da queixa: “Apresentámos a nossa queixa à UE pouco depois da decisão. Está na fase de investigação. Ainda não tivemos resposta, mas deve estar sob investigação. A UE tem muitos outros casos, não apenas este.”

Tebas teve vários confrontos com o City nos últimos anos, alegando no ano passado que os campeões deveriam “receber a sanção que merecem” na sequência das 130 acusações de quebra de regras feitas pela Premier League em fevereiro de 2023. O City nega qualquer infração.