
Duarte Gomes, antigo árbitro de futebol. Créditos: JOSE SENA GOULAO/LUSA
Duarte Gomes, respeitado diretor técnico de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, estreou-se no programa “Livre Arbítrio” do Canal 11 para dissecar as decisões controversas da 6ª jornada da I Liga. Na sua análise aprofundada, Gomes focou-se em momentos cruciais, como os penáltis assinalados nos duelos Moreirense-Sporting e AVS-Benfica, e também na validação de um dos golos do FC Porto frente ao Rio Ave.
O antigo árbitro sublinhou que a relativa inexperiência de alguns quadros arbitrais pode ser um fator determinante nos lances mais discutíveis: “Aproximadamente 40% dos árbitros no principal escalão possuem menos de três anos de experiência nesta categoria, e 25% contam com menos de dois. Adicionalmente, cerca de 30% dos responsáveis pelo VAR iniciaram as suas funções este ano. Esta é uma geração bastante jovem, o que acarreta dificuldades de adaptação e uma ausência de maturidade tática que apenas se adquire com a prática e a acumulação de jogos”, explicou.
Sporting-Moreirense, 75 minutos: Penálti de Landerson sobre Trincão
Duarte Gomes classificou esta decisão como “tecnicamente incontestável”, considerando o penálti corretamente assinalado. O ponto chave, segundo ele, foi o posicionamento exemplar do árbitro. “Não se trata apenas de proximidade, mas sim da escolha do local ideal. O árbitro não deve estar excessivamente perto, pois isso pode restringir a sua perspetiva; uma distância entre 10 a 15 metros é o ideal. Ele percebeu o desenrolar do lance e seguiu a jogada, garantindo que não foi obscurecido. Mesmo que o VAR pudesse intervir, a decisão foi tomada pelo próprio árbitro devido à sua excelente colocação.”
Sporting-Moreirense, 88 minutos: Penálti de Marcelo sobre Trincão
Referindo-se a um lance posterior, Gomes apontou para uma dinâmica similar. “Novamente, a colocação e a calma do árbitro foram determinantes. Esta é uma decisão que não levanta quaisquer dúvidas. O cartão amarelo é justificado, pois trata-se de interromper uma clara oportunidade de golo. Embora o jogador tente intercetar a bola, a sua ação resulta numa rasteira sobre Trincão, que ficaria isolado. Apesar de parecerem decisões fáceis, é preciso mérito e competência para as assinalar corretamente.”
AVS-Benfica, 84 minutos: Grande penalidade de Devenish sobre Pavlidis
“Esta foi uma situação que passou despercebida ao árbitro principal”, afirmou Duarte Gomes. “Observa-se um aparente corte na bola, seguido de intensas queixas do jogador. É natural que o árbitro, perante tal reação, tenda a ser cético e a comunicar com a equipa do VAR. De facto, a bola é tocada e não há fora de jogo. Contudo, após o toque na bola, há uma entrada negligente por trás que derruba Pavlidis. Este é um exemplo claro de que intervir na bola primeiro nem sempre anula uma infração subsequente, especialmente se a ação for imprudente. Foi um lance que falhou a avaliação do árbitro, resultando numa falta não assinalada e num cartão amarelo por mostrar. Não seria expulsão, uma vez que a bola não se dirigia para a frente de Pavlidis, tendo desviado para a linha lateral, com um defesa na cobertura. Apenas seria vermelho se a bola ficasse em posição favorável para o avançado.”
Rio Ave-FC Porto, 4 minutos: Golo do FC Porto após canto
Sobre o golo do FC Porto, Duarte Gomes analisou: “Alan Varela posiciona-se muito próximo do guarda-redes, demonstrando uma conduta inicial inadequada ao encostar-se a ele, o que leva o guarda-redes a afastá-lo. Varela encontra-se depois em posição de fora de jogo, ainda que muito perto do guardião. No entanto, o guarda-redes tinha clara visibilidade da trajetória da bola, e a presença de Varela não influenciou a sua intervenção. Se a bola seguisse a linha de Alan Varela, o fora de jogo seria justificado. A questão é subjetiva; se o guarda-redes consegue ver a trajetória da bola e tem capacidade para a alcançar, a proximidade do jogador, mesmo que significativa, não obstrui de forma determinante o seu campo de visão.”