Carlo Nesti: “O Povo Granata: Protestar ou Apoiar?”

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A nítida sensação, após esta primeira fase negativa do campeonato, já era previsível no verão. Mais uma vez, as “joias da coroa (de espinhos)”, Milinkovic Savic e Ricci, foram vendidas, seguindo os passos de Buongiorno e Bellanova em 2024.

O Toro poderá até vencer um jogo por 6-0 contra um grande adversário e talvez oferecer um espetáculo em campo, mas isso já não mudaria nada na relação entre a maioria dos adeptos e o presidente Cairo. A desconfiança, o ceticismo, o desânimo, a raiva… são sentimentos que abriram um fosso entre os apoiantes granata e o principal dirigente. E este aspeto pode ser perigoso para o desempenho da equipa no campeonato.

Dado que a contestação ocorre dentro do Stadio Grande Torino e que a equipa tem evidentes limitações, especialmente na defesa, não ter o apoio completo do seu público na luta pela permanência representaria um handicap adicional. Pessoalmente, sinto que seria mais justo encontrar um compromisso: contestar Cairo fora do estádio e apoiar a equipa dentro do estádio.

A minha, contudo, é apenas uma opinião, que certamente não mudará a “sagrada vontade” dos adeptos, agora exasperados, a ponto de escreverem nas redes sociais frases como “Cairo também nos tirou a esperança” ou “Cairo é a nossa pior desgraça depois de Superga”. E estamos a falar do presidente mais longevo e “virtuoso”, mas apenas em termos de balanços, da história do Torino. Expressões muito pesadas e significativas.

Considero Cairo um grande empresário, astuto e inteligente, por isso não consigo compreender como está a gerir este período. Mais uma vez, demonstra não ter percebido qual é o espírito do adepto granata e quais são os seus valores. Se há um erro que se pode cometer numa conjuntura como a atual, é abolir a sinceridade e continuar a fingir que nada se passa.

Por exemplo, dizer que os adeptos que encontra na rua o agradecem, ou que apenas uma parte modesta da claque está contra ele, ou que o ruído da contestação representa um simples problema de zumbido (entre as risadas de dezenas de imbecis). Mas porquê gozar com os adeptos com estas frases?

São adeptos já frustrados por todos os acontecimentos da equipa, conscientes de que no próximo ano, em 2026, farão 50 anos desde o último scudetto granata. Conscientes de que, no futuro, apenas a chegada de um xeque árabe poderá renovar a lenda. E paciência, se ninguém reviverá aquele 16 de maio de 1976, que permanece “o dia da libertação” para quem estava no estádio naquela tarde, quando Superga voltou a ser apenas uma colina… e nada mais.