Bruno Lage Rompe o Silêncio: As Três Condições para a Saída do Benfica

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Bruno Lage (Créditos: Sport Lisboa e Benfica)

Em uma entrevista detalhada concedida ao jornal A BOLA, Bruno Lage abordou a sua recente saída do comando técnico do Benfica. O treinador destacou a boa relação com Rui Costa e frisou que não desejava “prejudicar ninguém”, motivo pelo qual apresentou a sua demissão após a derrota contra o Qarabag. Expressou ainda orgulho pela sua segunda passagem à frente dos encarnados, período em que conquistou uma Taça da Liga e uma Supertaça.

Lage relembrou que o Mundial de Clubes trouxe desvantagens competitivas, especialmente em relação aos rivais. O Benfica foi o único clube português a participar no torneio e, em agosto, realizou oito jogos. A equipa teve apenas 16 dias para preparar a Supertaça.

O objetivo era garantir que a equipa estivesse nas melhores condições para vencer o campeão nacional e erguer o troféu, algo que foi concretizado com sucesso. Lage elogiou a estrutura da equipa e a forma como os jogadores assimilaram as suas ideias para aquele período inicial, que culminou também no jogo da pré-eliminatória da Liga dos Campeões contra o Nice.

Após a vitória na Supertaça e a qualificação para a Liga dos Campeões, o primeiro ciclo foi concluído. Contudo, Lage lamentou que, no início do segundo ciclo, a equipa tenha cometido um “erro metodológico” ao jogar contra o Santa Clara numa sexta-feira, uma decisão que, segundo ele, era conhecida e desaprovada pelo presidente Rui Costa e pelo diretor Mário Branco.

O Momento da Rescisão

Bruno Lage detalhou o processo da sua saída, revelando que apenas 15 minutos após a conferência de imprensa pós-derrota com o Qarabag – onde ofereceu o seu lugar – foi convocado para uma reunião urgente com Rui Costa. Descreveu a conversa como “franca e tranquila”, na qual estabeleceu três condições: “A primeira era sobre o meu contrato. A segunda, que só queria receber até àquela data e que o contrato dos meus adjuntos fosse respeitado. Por último, que no dia seguinte eu fosse despedir-me dos jogadores.”

O ex-treinador desejava ter a liberdade de partilhar a sua versão dos factos, sem ressentimentos, e de desejar sucesso a todos. Além disso, queria assegurar-se de que, no futuro, não se repetiriam ataques pessoais ou profissionais, como os que ocorreram há cinco anos, garantindo assim o direito de se defender.

O Episódio com Kokçu

Lage abordou também um dos episódios mais controversos do seu mandato: o incidente com Kokçu durante o jogo do Mundial de Clubes contra o Auckland City.

O treinador assegurou que não teve dificuldades de relacionamento com nenhum elemento no Benfica, classificando a sua relação com Kokçu como uma das mais fáceis. O incidente foi descrito como “um momento infeliz para ambos”. No dia seguinte, após o pequeno-almoço, Lage tomou a iniciativa de ir ao quarto do jogador, que o recebeu a rir-se e questionou como “duas pessoas que se deram tão bem durante nove meses tiveram aquele momento”.

Lage recordou um ano exigente, “com muitos jogos, sem férias, um Mundial, com o jogo a ser interrompido ao intervalo,” e sublinhou a pressão sentida por Kokçu. O jogador, frequentemente, expressava a Lage a responsabilidade de ser o mais caro de sempre do Benfica. “Ele tinha o valor que tinha, as funções que tinha e a forma de jogar dele. Dizia que quando se ganhava, estava tudo bem, quando se perdia, havia dois alvos: primeiro o treinador e a seguir ele, por ser o jogador mais caro de sempre”, concluiu o ex-técnico.