António Salvador: “Sem o SC Braga, os ‘três grandes’ não estariam na Champions”

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António Salvador, presidente do SC Braga, marcou presença na Portugal Football Summit, realizada na Cidade do Futebol, onde discutiu o desempenho das equipas portuguesas nas competições europeias.

O líder minhoto realçou o papel crucial do SC Braga para que FC Porto, Benfica e Sporting conseguissem a qualificação para a Liga dos Campeões, e partilhou a sua visão sobre o futuro de Portugal no panorama europeu.

Abordando a temporada atual, António Salvador expressou insatisfação com a necessidade do SC Braga disputar seis jogos preliminares para assegurar a sua vaga na fase de grupos da Liga Europa.

Adicionalmente, o presidente detalhou os investimentos realizados pelo clube nas suas academias de formação e no desenvolvimento do futebol feminino.

Declarações completas

Equipas portuguesas nas competições europeias

António Salvador descreveu a trajetória do SC Braga sob a sua liderança, assente em três pilares: solidez financeira; uma equipa de profissionais competentes em todas as áreas para garantir estabilidade e visão estratégica; e o investimento em infraestruturas essenciais para o crescimento do clube. Ele defendeu que esta abordagem deve ser replicada por outros clubes para fortalecer a competitividade do campeonato nacional. Critica a disparidade na distribuição de receitas em Portugal, contrastando com a centralização de fundos na UEFA. Salvador deu como exemplo o Liverpool, que, apesar de ser um clube de grande dimensão, recebeu apenas 1,6 vezes mais em direitos televisivos do que o último classificado, visando a competitividade. Sublinhou ainda que FC Porto, Benfica e Sporting, com cerca de dois milhões de seguidores no Instagram (em comparação com os quase 200 milhões do Real Madrid), não podem esperar as mesmas receitas da UEFA se as regras de distribuição em Portugal não promoverem um maior equilíbrio entre os clubes. Para ele, é fundamental que as receitas sejam distribuídas de forma mais equitativa para elevar o nível competitivo de toda a liga.

Importância do SC Braga

O presidente enfatizou que a participação nas competições da UEFA valoriza os clubes e deveria resultar em maiores receitas. Contudo, defende que, a nível nacional, a distribuição de receitas precisa ser revista para tornar o campeonato mais competitivo. Salvador afirmou categoricamente que sem o desempenho consistente do SC Braga nos últimos anos, FC Porto, Benfica e Sporting não teriam alcançado a qualificação simultânea para a Liga dos Campeões, sublinhando a importância fulcral do seu clube neste percurso. Mencionou ainda que a presença de outros clubes portugueses na Conference League é benéfica, pois pode permitir ao SC Braga um acesso direto à Liga Europa.

Portugal mais pontuado na Europa: Vai cimentar o 6.º lugar no ranking?

Sobre a possibilidade de Portugal consolidar o seu 6.º lugar no ranking europeu, António Salvador referiu que “isso dependerá em grande parte das ações futuras e da nossa capacidade de sermos competentes”. Destacou o percurso do SC Braga, com “sete vitórias e um empate em oito jogos” europeus, e alertou que a manutenção ou perda da posição no ranking “dependerá do que nós e os outros clubes fizerem”, com o risco de “recuar para 7.º ou até 8.º lugar no próximo ano”.

Dificuldades e impacto dos jogos do SC Braga para estar na Liga Europa

António Salvador abordou os desafios da qualificação para a Liga Europa, referindo que “nas últimas duas décadas, o SC Braga marcou presença constante nas competições europeias” e esteve “há dois anos na Liga dos Campeões”. Apesar de ter terminado em 4.º lugar, o clube teve de disputar “três eliminatórias e seis jogos” para aceder à fase de grupos da Liga Europa. “Entre o campeonato, com oito jornadas, e os oito jogos da UEFA, perfaz um total de 16 jogos”, um esforço que exige “começar a época mais cedo, por volta de 17 de junho”. Este calendário apertado e o custo de preparação, que incluiu “uma mudança de treinador e a implementação de novas ideias”, têm o seu “preço no campeonato”. Salvador considera “inconcebível que o SC Braga tenha de disputar seis jogos para chegar à fase regular da Liga Europa”, afirmando que esta situação “diz muito sobre o ranking do futebol português”.

Quatro clubes no topo da I Liga com 90% dos pontos do ranking: O que impede os restantes clubes?

Questionado sobre a concentração de pontos no ranking em apenas quatro clubes, Salvador reiterou a necessidade de “alterar o futebol português, tal como advertido há quatro anos”. Sublinhou a importância de “modificar os quadros competitivos, visando um campeonato mais equilibrado e equipas mais robustas” capazes de participar em todas as provas europeias. Mencionou o exemplo da Conference League, onde “apenas o Vitória SC conseguiu entrar e teve uma excelente campanha”, enquanto o Santa Clara não, o que “penalizou significativamente Portugal”. Destacou o papel do SC Braga, que “há 20 anos contribui com muitos pontos para o ranking português”, e reforçou a necessidade de “mais equipas competentes e fortes para garantir uma presença contínua nas competições europeias”, o que se traduziria em “mais pontos para o ranking e maiores receitas para Portugal”.

Mais competitividade na UEFA ajuda na centralização interna

António Salvador concorda que “mais competitividade na UEFA aumenta a visibilidade e projeção”, sendo positivo ter “cinco, e não quatro, equipas” portuguesas. Contudo, enfatiza a urgência de uma “distribuição de receitas mais justa no campeonato” e um “plano concertado das entidades para a criação de infraestruturas” que permitam a “7, 8 ou 9 clubes da I Liga serem consistentemente fortes” e participarem nas competições europeias. Ele vê isto como crucial para “aumentar a visibilidade e o valor de uma futura centralização de direitos televisivos, que deve ser implementada de imediato, juntamente com novos quadros competitivos”. Recordou que o SC Braga alertou as entidades há quatro anos para o “risco de queda no ranking”, que se concretizou. “Se não agirmos, em vez de recuperarmos o 6.º lugar, continuaremos em 7.º, com a Bélgica a subir para 6.º e a Holanda para 8.º”. Alertou para as “graves consequências”, como a redução de equipas portuguesas na Champions e a necessidade de disputar “seis jogos na Liga Europa antes do início do campeonato”, o que acarreta um “risco financeiro e desportivo enorme”. Felizmente, para o SC Braga, “a passagem para a fase regular está a correr bem”, com “duas vitórias” frente a equipas líderes como o “Feyenoord e o Celtic”, garantindo “uma boa campanha na Liga Europa e mais pontos para Portugal”.

Formação

Sobre a formação, Salvador explicou que a estratégia passava por “criar infraestruturas robustas, uma grande academia e um projeto de formação bem definido”, que se tornou “um dos grandes pilares económicos” do clube. Reconheceu que Portugal, face a outros países, “não tem a mesma dimensão em receitas de bilheteira, comerciais ou de patrocínios”, tornando a “base de jogadores e a formação” fundamental para “todos os clubes, não só o SC Braga”. Afirmou que o SC Braga traçou “um caminho a médio/longo prazo” que hoje é “motivo de orgulho para o clube, o país e a cidade”, e prometeu “continuar a investir ainda mais para aprimorar o que já é excelente”.

Futebol Feminino

No que respeita ao futebol feminino, Salvador destacou que “o SC Braga foi pioneiro no investimento”, tendo a equipa principal “já conquistado todos os títulos nacionais profissionais”. Ressaltou o forte investimento na formação feminina, contando atualmente com “cerca de 300 jovens atletas”. Referiu os títulos de “campeão nacional sub-19 e sub-13” na época anterior como prova do sucesso desta aposta, que “só é possível graças às infraestruturas existentes”. Concluiu que, embora o projeto feminino do SC Braga seja ambicioso, “Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer” nesta modalidade, pois “começou tarde” e “os clubes só agora estão a desenvolver a base”, sendo crucial “melhorar as condições”.