Até à data, 18 futebolistas em todo o mundo foram transferidos por 100 milhões de euros ou mais, com muitos deles a não corresponderem às expectativas do investimento.
A Premier League mantém a sua supremacia no mercado de transferências. O considerável poder financeiro dos 20 clubes que a compõem permite-lhes adquirir os melhores talentos do futebol mundial. Grande parte destas aquisições envolvem valores astronómicos, frequentemente inflacionados, uma vez que os clubes vendedores estão cientes da capacidade de investimento do lado comprador, resultando em preços muitas vezes superiores ao valor real de mercado.
Contudo, nem todos estes avultados investimentos se traduziram em sucesso no relvado. Numa altura em que se debate a possibilidade de a Premier League atingir um novo recorde de transferências no mercado de verão, decidimos analisar a trajetória de jogadores que foram transferidos por 100 milhões de euros ou mais em escala global.
Na história do futebol, um total de 18 jogadores foram vendidos por 100 milhões de euros ou mais, e uma parte significativa deles não conseguiu justificar o montante investido. Exemplos notáveis incluem João Félix, Neymar, Philippe Coutinho, Jack Grealish e Antoine Griezmann, talentos que `floparam` após as suas transferências milionárias.
As ligas inglesa e espanhola são as mais representadas nesta lista, com o Barcelona a figurar em múltiplos casos.
Os 10 Jogadores Que Custaram Mais de 100 Milhões e `Falharam`
Abaixo, detalhamos o percurso de 10 jogadores que, apesar do investimento massivo, não corresponderam às expectativas:
- Gareth Bale: 101 milhões de euros (do Tottenham para o Real Madrid, 2013)
- Paul Pogba: 105 milhões de euros (da Juventus para o Manchester United, 2016)
- Romelu Lukaku: 113 milhões de euros (do Inter Milão para o Chelsea, 2021)
- Jack Grealish: 117,5 milhões de euros (do Aston Villa para o Manchester City, 2021)
- Antoine Griezmann: 120 milhões de euros (do Atlético de Madrid para o Barcelona, 2019)
- Eden Hazard: 120,8 milhões de euros (do Chelsea para o Real Madrid, 2019)
- João Félix: 127,2 milhões de euros (do Benfica para o Atlético de Madrid, 2019)
- Philippe Coutinho: 135 milhões de euros (do Liverpool para o Barcelona, 2018)
- Ousmane Dembélé: 140 milhões de euros (do Borussia Dortmund para o Barcelona, 2017)
- Neymar Jr.: 222 milhões de euros (do Barcelona para o Paris-Saint Germain, 2017)
Neymar Jr.: 222 milhões de euros (Do Barcelona para o Paris-Saint Germain, 2017)
No verão de 2017, o Paris Saint-Germain concretizou o que parecia impossível: questionou o Barcelona sobre as condições para adquirir Neymar, e os `culés` responderam que não havia condições. Perante isto, Nasser Al-Khelaïfi, presidente do Paris Saint-Germain, emitiu um cheque no valor de 222 milhões de euros, depositando-o diretamente na LaLiga, que por sua vez o transferiu para a conta do Barcelona.
Os parisienses ativaram a cláusula de rescisão do talentoso brasileiro com o objetivo de conquistar a Liga dos Campeões. Nesse mesmo ano, Mbappé também chegou ao clube, vindo do Mónaco por empréstimo.
Dos seis anos que Neymar passou em Paris, apenas numa temporada (2020/21, com 31 jogos) conseguiu ultrapassar a marca dos 30 jogos. Em 2023/24, rumou à Arábia Saudita, deixando para trás seis anos marcados por polémicas fora de campo, lesões frequentes e o insucesso na conquista da tão ambicionada Liga dos Campeões. No final, era frequentemente assobiado pelos próprios adeptos do PSG.
Ousmane Dembélé: 140 milhões de euros (Do Borussia Dortmund para o Barcelona, 2017)
Após a saída de Neymar para o PSG, o Barcelona utilizou uma parte substancial dos 222 milhões de euros recebidos para contratar Ousmane Dembélé ao Borussia Dortmund, por 140 milhões de euros. Mais uma contratação avultada.
O extremo francês teve um início discreto em campo, espelhando a sua vida privada (com 23 jogos, 4 golos e 7 assistências). Na temporada seguinte, finalmente `explodiu` (42 jogos, 14 golos e 8 assistências), mas o seu desempenho decaiu nas épocas posteriores.
A realidade é que Dembélé nunca conseguiu uma integração plena no Barcelona. O seu comportamento fora de campo (com relatos de noites dedicadas a videojogos, poucas horas de sono e atrasos frequentes aos treinos) não contribuiu para a sua adaptação, a par das inúmeras lesões musculares que sofreu. O PSG aproveitou uma cláusula no seu contrato que reduzia o valor da sua rescisão para 50 milhões de euros até 31 de julho, garantindo assim a sua contratação.
Philippe Coutinho: 135 milhões de euros (Do Liverpool para o Barcelona, 2018)
Como se não bastasse a extravagância dos 140 milhões de euros por Dembélé, o Barcelona repetiu a aposta na época seguinte, adquirindo Philippe Coutinho ao Liverpool por 135 milhões de euros. O vultoso valor da sua transferência, juntamente com a enorme pressão de atuar num clube como o Barcelona, impediram Coutinho de demonstrar todo o seu potencial na Catalunha, apesar de ter registado 54 jogos (11 golos e 4 assistências) em 2018/19.
Quando foi emprestado ao Bayern Munique e, posteriormente, ao Aston Villa, parecia ter reencontrado o prazer de jogar: ao serviço dos bávaros, conquistou inclusivamente a Liga dos Campeões em 2020, numa campanha memorável onde contribuiu para a histórica goleada de 8-2 ao Barcelona em Camp Nou, marcando dois golos. Cinco anos depois da sua chegada, Coutinho deixaria o Barcelona a custo zero, sem nunca ter conseguido justificar o investimento de 135 milhões de euros.
João Félix: 127,2 milhões de euros (Do Benfica para o Atlético de Madrid, 2019)
Elemento fulcral na notável recuperação do Benfica rumo ao título português em 2018/2019, João Félix teve uma ascensão meteórica sob o comando de Bruno Lage em menos de meia temporada. Com o mundo a seus pés, o seu destino revelou-se improvável, não só pelos valores envolvidos, mas também pelo seu estilo de jogo, que entraria em claro conflito com as ideias táticas do treinador Diego Simeone. Os `colchoneros` desembolsaram 127,2 milhões de euros pela sua transferência.
Lesões, atritos com o treinador e a sua vida fora dos relvados abreviaram a sua passagem pelo Metropolitano. Três temporadas e meia depois (nunca ultrapassou a marca dos 10 golos numa temporada desde que deixou o Benfica), e após empréstimos de seis meses ao Barcelona e outros seis meses ao Chelsea, o Atlético de Madrid vendeu o talentoso português ao Chelsea em 2024/25. A sua passagem por Stamford Bridge duraria apenas seis meses, antes de um novo empréstimo de meia temporada ao AC Milan. Seria então vendido, na presente época, pelo Chelsea ao Al Nassr da Arábia Saudita. E tudo isto acontece quando ainda tem apenas 25 anos.
Todos os treinadores que o orientaram – Diego Simeone, Xavi Hernández, Sérgio Conceição, Enzo Maresca, Graham Potter – partilham a mesma observação: a necessidade de um maior empenho. O seu talento é inegável, mas a dedicação ao trabalho… essa é outra questão.
Eden Hazard: 120,8 milhões de euros (Do Chelsea para o Real Madrid, 2019)
A comprovar que 2019 foi um ano excecional em Espanha, surge mais uma transferência faraónica que não produziu os resultados esperados. Eden Hazard era o `mago` que deslumbrava em Inglaterra, ao serviço do Chelsea, e a principal estrela da seleção belga, uma equipa rica em talento. O Real Madrid, não querendo ficar aquém dos seus rivais Barcelona e Atlético Madrid, persuadiu o Chelsea a libertar a sua joia por 120 milhões de euros.
Nas suas quatro temporadas no Santiago Bernabéu, nunca ultrapassou os 23 jogos numa única época, e o seu máximo de golos foi de quatro, alcançados em 2020/21. Entrou em conflito com os treinadores, perdeu a forma física e raramente era sequer opção no banco. Tornou-se mais um talento ‘enterrado’ no ‘cemitério’ merengue, juntando-se a tantos outros jogadores que por ali passaram sem sucesso.
Acabaria por sair ao fim de 76 jogos em quatro épocas (com 7 golos e 10 assistências), anunciando pouco depois o fim da sua carreira profissional, aos 32 anos.
Antoine Griezmann: 120 milhões de euros (Do Atlético de Madrid para o Barcelona, 2019)
No turbilhão das transferências de 100 milhões, nenhum clube perdeu a cabeça tanto como o Barcelona. No final da temporada 2018/2019, a quinta de Griezmann no Atlético de Madrid, o gigante catalão não hesitou e `apostou` 120 milhões de euros no avançado francês, na mesma época em que Félix chegava aos `colchoneros`.
Griezmann até registou 35 golos e 14 assistências em duas épocas, mas estes números não foram considerados suficientes. Longe das estatísticas que exibia no Atlético (onde marcou 25 ou mais golos em quatro das cinco épocas, com a exceção da quinta, em que fez 21), Griezmann desiludiu, pois nas suas duas temporadas em Camp Nou, assistiu à conquista da La Liga pelo Real Madrid e, ironicamente, pelo seu próprio Atlético de Madrid. Quanto à Liga dos Campeões… nem vê-la. Nunca conseguiu estabelecer uma boa sintonia com Messi.
Regressaria ao Atlético de Madrid, inicialmente por empréstimo dos `culés`, e depois em definitivo, onde permanece até ao presente.
Jack Grealish: 117,5 milhões de euros (Do Aston Villa para o Manchester City, 2021)
Jack Grealish ainda detém o recorde da transferência mais cara de sempre entre clubes ingleses. Após uma fase brilhante no Villa Park, o Manchester City não hesitou em investir 117,5 milhões de euros no extremo, conhecido pelo seu estilo de jogar com meias descaídas e caneleiras visíveis. Pep Guardiola, que não conseguiu a contratação de Harry Kane, viu em Grealish um extremo potente. Contudo, o `bad boy` de Birmingham nunca conseguiu demonstrar plenamente o seu valor no Etihad.
Após quatro temporadas e apenas 17 golos, Grealish foi emprestado ao Everton, este mês de agosto, aos 29 anos. Em 2022/23, ainda deu sinais do seu potencial, com 12 assistências e cinco golos em 50 jogos, numa época em que o City conquistou a tão ansiada Liga dos Campeões. No entanto, nas restantes temporadas, passou a maior parte do tempo na enfermaria, devido a problemas musculares. Em Inglaterra, era mais frequentemente notícia pela sua vida extracampos.
Romelu Lukaku: 113 milhões de euros (do Inter Milão para o Chelsea, 2021)
O `tanque` belga, de 32 anos, é um dos futebolistas que mais dinheiro gerou em transferências ao longo da carreira, totalizando 369,22 milhões de euros desde que deixou o Anderlecht, aos 18 anos, para se juntar ao Chelsea, sob o comando de… André Villas-Boas.
Em 2021, depois de duas excelentes temporadas no Inter Milão, para onde se transferiu por 74 milhões de euros vindo do Manchester United, o Chelsea readquiriu o seu antigo avançado, desembolsando 113 milhões de euros pelo seu passe. Curiosamente, o Chelsea já o tinha vendido por 35,36 milhões de euros ao Everton, que por sua vez o transferiu para o Manchester United por 84,70 milhões de euros.
A sua permanência nos `Blues` durou apenas uma temporada, passando mais tempo no banco do que como titular, na sequência de desentendimentos com Antonio Conte. Não surpreende que tenha marcado apenas 15 golos em 2021/22. O Chelsea emprestou-o ao Inter, depois à AS Roma, e mais tarde ao Nápoles, que viria a adquirir o seu passe por 30 milhões de euros, acrescidos de 15 milhões em variáveis. No clube napolitano, reencontrou a alegria de jogar e marcar, contribuindo para a conquista do campeonato italiano na época 2024/25.
Paul Pogba: 105 milhões de euros (Da Juventus para o Manchester United, 2016)
A história de Paul Pogba assemelha-se, de certa forma, à de Romelu Lukaku. Depois de alguns anos nas categorias de formação dos `Red Devils`, deixou o clube a custo zero, aos 18 anos, rumando à Juventus em 2011/12, após a sua primeira temporada na equipa principal inglesa. O Manchester United viria a readquiri-lo por 105 milhões de euros em 2016, no rescaldo do Campeonato Europeu que a sua França perdeu para Portugal, em pleno coração de Paris.
A estrela da Juventus e da seleção francesa chegou com a missão de revitalizar um United em declínio após a saída de Alex Ferguson. José Mourinho estava ao leme, mas a sua relação com Pogba não foi a mais harmoniosa. O técnico chegou a repreender o jogador publicamente e também em alguns treinos. Apesar dos atritos, Pogba teve um brilho notável em 2018/2019, com 16 golos e 11 assistências em 47 jogos, numa temporada em que Ole Gunnar Solskjaer substituiu Mourinho a meio da época.
Viria a sair novamente a custo zero em 2022/23… regressando à Juventus. Atualmente, encontra-se no Mónaco, após cumprir um extenso período de suspensão por doping.
Gareth Bale: 101 milhões de euros (do Tottenham para o Real Madrid, 2013)
Gareth Bale é o último a figurar nesta lista, e a sua inclusão justifica-se pela forma como a sua saída do Real Madrid se processou. Em 2013, o colosso da capital espanhola transformou-o na transferência mais cara do mundo, pagando 101 milhões de euros ao Tottenham. Bale vinha de três temporadas fantásticas nos `Spurs`, onde permaneceu por seis anos. A sua velocidade, capacidade de remate e a potência nos livres com o pé esquerdo faziam do extremo galês um adversário praticamente imparável.
As suas três primeiras épocas no Santiago Bernabéu foram, de facto, positivas. Bale registou 22 golos e 17 assistências na temporada de estreia (44 jogos) em 2013/14, 17 golos e 12 assistências (48 jogos) em 2014/15 e 19 golos e 12 assistências (31 jogos) em 2015/16.
No entanto, a partir daí, o seu rendimento decaiu, entrou em conflito com Zidane e, em Espanha, os debates focavam-se mais na sua vida em Madrid, na sua paixão pelo golfe, do que propriamente no seu futebol. O seu comportamento no banco, onde parecia alheado de todos e do jogo, frequentemente gerava manchetes.
Em termos de palmarés, enriqueceu-o significativamente (cinco Ligas dos Campeões, três Mundiais de Clubes, três Ligas, uma Supertaça Espanhola, duas Supertaças Europeias), mas nunca se estabeleceu como a estrela que os adeptos merengues tanto ansiavam. Em sete temporadas, marcou 106 golos em 258 jogos. No entretanto, foi emprestado por uma época ao Tottenham em 2020/21 (16 golos, 3 assistências em 34 jogos). Encerrou a sua carreira após meia temporada no Los Angeles FC, onde se sagrou campeão da MLS.
